Nenhuma fake news em circulação hoje se compara ao complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio brasileiro está ameaçando o planeta

Vive-se hoje em dia, no Brasil e no mundo, uma nova era, como foram a Era do Gelo ou a Era dos Descobrimentos — é a Era da Mentira Universal. É possível que nunca tenha se mentido tanto quanto agora em toda a história da humanidade. Antigamente a Igreja Católica mentia horrendamente, por exemplo, dizendo que todo mundo iria para o inferno se não obedecesse ao padre; os reis mentiam dizendo que tinham sido escolhidos por Deus para mandar. Eram mentiras top de linha, com toda a certeza, mas até então o mundo não tinha visto nada. Naquele tempo não havia ONGs, cientistas-militantes ou a raça burocrática. Não havia especialistas, nem universidade, nem formadores de opinião. Não havia imprensa. A soma dessas coisas todas, em termos de desrespeito aos fatos, acaba com qualquer comparação — perto de onde estamos hoje, a Idade Média foi um momento de luz.
A dúvida é saber onde se mente mais, se no Brasil ou lá fora. Deve ser no Brasil: aqui, além da produção própria, importamos com paixão as mentiras manufaturadas na Universidade Harvard, ou no governo da Alemanha, ou no Le Monde. Qual a novidade? País subdesenvolvido é assim mesmo: copia tudo o que ouve ou que lhe mostram, e considera como verdade matemática tudo o que vem embalado em inglês, francês ou outra língua civilizada. Isso complica consideravelmente a questão. Qualquer alucinação originada nos centros mundiais da sabedoria, da democracia e do politicamente correto entra no Brasil com a facilidade e a rapidez com que entra por aqui a cocaína da Bolívia. Entra e cai direto no ouvido dos que mandam, influem e controlam — eis aí todo o problema. A partir daí, as mais espetaculares criações da estupidez mundial viram lei neste país, ou algo tão parecido que não se percebe a diferença.
O agronegócio brasileiro, de acordo com os militantes ambientais, causa terremotos, erosão do solo e incêndios
De todas as mentiras de primeira grandeza que estão hoje em circulação no Brasil e no mundo, provavelmente nenhuma se compara ao complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio brasileiro, e em especial a pecuária, está ameaçando a sobrevivência “do planeta”. Segundo o rei da Noruega, o diretor de marketing da multinacional high tech (e mesmo low tech) ou o cientista ambiental de Oxford, nossa soja e o nosso boi, que têm um papel cada vez mais fundamental na alimentação de talvez 1 bilhão de pessoas, ou mais gente ainda, são um terror. Juntos, destroem florestas, envenenam o mundo com “carbono” e provocam todo tipo de desastre natural — das enchentes às secas, dos incêndios à erupção dos vulcões. Não se deve discutir mais nada do ponto de vista científico, técnico ou da mera observação dos fatos — todos os que estão “conscientes” da necessidade de “salvar o planeta” concordam que a “humanidade” tem de “agir já” se quiser “sobreviver” à “crise climática”.
Nem é preciso falar, é claro, da Amazônia. Os cientistas, especialistas, ambientalistas etc. do mundo inteiro dão como indiscutível, há anos, que o trabalho rural está destruindo, ou já destruiu, a Floresta Amazônica. A Amazônia está lá, visível para todos — continua sendo, disparado, a maior reserva florestal do mundo. Praticamente a totalidade dos grãos brasileiros é produzida em Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e áreas desenvolvidas do Nordeste — que diabo esses lugares teriam a ver com a Amazônia? O produtor rural no Brasil é o único no mundo obrigado a reservar 20% de suas propriedades, nem 1 metro quadrado a menos, para áreas de mata; não recebe um tostão furado por isso. (O que aconteceria se os agricultores americanos ou europeus tivessem de fazer a mesma coisa?) Mas nada disso importa; ninguém levanta essas questões, ou se permite alguma dúvida. A agropecuária está destruindo a Amazônia, o Brasil e o mundo, dizem eles. É proibido apresentar fatos desmentindo isso, ou simplesmente discutir o assunto.


A pecuária, neste momento, é onde se concentra o grosso das calúnias contra o agronegócio brasileiro. Até o Bradesco entrou nesse linchamento; a exemplo de tantas outras grandes empresas brasileiras fanatizadas pelas causas “identitárias”, “progressistas” e socialisteiras, colocou no ar uma campanha publicitária pelo “carbono neutro” na qual denunciava a pecuária brasileira pela “crise” ambiental e convocava a população a comer menos carne. É um despropósito completo, do ponto de vista dos fatos. A pecuária, segundo a comprovação científica mais séria, neutra e fundamentada na experiência, gera efeitos exatamente contrários ao que a militância ecológica espalha pelo mundo afora. A criação de bois, em qualquer escala, faz o solo absorver carbono, e não espalhar veneno na atmosfera, como acreditam nove entre dez “influenciadores” de opinião. É fundamental para preservar a boa qualidade do solo — e para combater a expansão de desertos. É o que mais se recomenda para salvar as terras secas da África, melhorar o ambiente natural e prover o sustento de populações inteiras sem agredir a natureza nem a vegetação nativa. Não há miséria, nem solo devastado, onde há pecuária. Da mesma forma, é evidente que não há criação de gado na Floresta Amazônica. Como poderia haver? Não faz sentido nenhum: quem iria criar boi no meio do mato?
O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 220 milhões de cabeças. É o maior exportador mundial de carne, com US$ 8 bilhões em 2021. A maior empresa brasileira do setor, a JBS, fatura perto de R$ 350 bilhões — mais do que todas as montadoras de automóveis, caminhões e demais veículos somadas. Como seria possível um país sair praticamente do zero e tornar-se o número 1 do mundo na exportação de carne com métodos primitivos de criação, tal como dizem os militantes do antiagronegócio? O Brasil só tem os números apresentados acima por força do avanço tecnológico e da competência dos pecuaristas, pelo investimento e pela excelência da terra ocupada pelas pastagens, ou das técnicas de confinamento — não porque está cortando árvores para ocupar o terreno com gado, ou por estar destruindo a natureza. Não é possível, simplesmente, um país ter o maior rebanho de bois do mundo e, ao mesmo tempo, comportar-se de maneira selvagem na sua pecuária.
Mas qual a honestidade do atual debate ambientalista? A verdade é o que menos interessa; só vale a fé nos próprios desejos, ideias e interesses. A ciência, no mundo de hoje, passou a ser uma questão de crença e, como crença, transformou-se em religião. Não se trata mais de questionar, investigar nem observar fatos; trata-se de decretar que a realidade é como querem os proprietários da virtude. Estamos em plena Era da Mentira Universal.